Sim, existe sim um colírio
que lava o mundo, até mesmo
o universo
Aquela mocinha goiana
pele de bronze e de ouro
corpo desgracioso
vista
apoiada na esquadria
da porta da cozinha
que dá para o pátio da entrada
Na pose clássica
musical coreográfica
do pé nuzinho cruzado
com o outro
calçado com a sandália de dedo
(a outra soltinha do lado)
A primeira luz do
primeiro dia
fora do Paraíso
brilha naquele sorriso
de dentes meio vítreo-
escurinhos
O papagaio
no dedo
assovia que gostosa
para a multidão de
desejos
Enquanto o velho
barbicha
que há pouco deblaterava
esquece de tudo
dos ratos,
que não sentem gosto
mas têm faro apurado
e comem a ração dos cachorros
Ficam ali os quatro
a moça, o louro
o velho e um
quarto
O mundo apazigou-se
Sossegou
Francisco Alvim
quinta-feira, 12 de julho de 2012
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