sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Utopia e Barbárie



Numa tarde de 1984, fui ao cinema assistir ao documentário Jango, de Silvio Tendler. Tinha 16 anos e ali foi despertado - definitivamente - meu interesse pela história. Saíamos então da ditadura militar e o filme de Silvio descortinava, para uma jovem como eu, fatos e versões, ou seja, a visão de que não só as narrativas históricas podiam ser diversas, mas também o entendimento de que a própria história encerra em si múltiplas possibilidades, e que ela poderia ter sido diferente... (ou, ainda, que ela poderia ser diferente...) O cineasta, que viveu a "geração 68" integralmente, havia sonhado utopias e visto barbáries. No maio de 1968 em que eu nascia, o rapaz de 18 anos tornava-se cronista da história. Uma história que, naquele momento, era embalada por lemas libertários. Pano rápido: o mundo deu voltas, muitas. Utopias e barbáries. Muitas. Hoje, dia 13 de novembro de 2009, acabo de ver o novo filme de Silvio pela décima vez, resultado da sorte de ter participado, ainda que pontualmente, da sua produção. A cada vez que assisto a Utopia e Barbárie fico emocionada. De sua origem no Latim, emocionar-se quer dizer que ficamos movidos para fora de nós mesmos. Tomara que vocês vejam esse filme. Tomara que se emocionem. Tomara que fiquem tocados a buscar caminhos para fora de si e na direção do outro, fraternalmente. Como bem diz o poeta Ferreira Gullar no filme, uma vez que a vida é finita, é no outro que teremos continuidade. Salve, Silvio, seu filme inspira! Ecoam suas palavras: "Solta o coração e vai!".

Um comentário:

  1. Carla:
    Obrigado pelo carinho. Coloquei teu texto no meu blog
    www.filmedoc.blogspot.com vem me visitar e mande textos. Nos mais
    antigos tem textos muito interessantes. Beijos. Teu blog é lindo. Não
    nos percamos
    Beijos
    Silvio

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