segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

De desejo somos





















A vida, sem nome, sem memória, estava sozinha. Tinha mãos, mas não tinha em quem tocar. Tinha boca, mas não tinha com quem falar. A vida era uma, e sendo uma era nenhuma.
Então o desejo disparou sua flecha. E a flecha do desejo partiu a vida pela metade, e a vida tornou-se duas.
As duas metades se encontraram e riram. Ao se ver, riam; e ao se tocar, também.

Eduardo Galeano, em Espelhos - Uma história quase universal

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