domingo, 13 de dezembro de 2009

Uma coisa é um homem, por engano, dirigir seu carro para a casa antiga, mas é algo bem diferente, eu creio, ele não reparar que as coisas mudaram dentro da casa. Mesmo a mente mais cansada ou distraída preserva um reduto de reações puras, animais, e consegue transmitir ao corpo a sensação do local onde está. Seria preciso estar quase inconsciente para não enxergar, ou pelo menos não sentir, que a casa já não era a mesma de antes. “O hábito”, como diz um dos personagens de Beckett, “é um grande entorpecente.” E se a mente é incapaz de reagir diante de uma evidência física, o que fará ao se confrontar com uma evidência emocional?

Paul Auster em A invenção da solidão

Tava lá no (o grifo é meu).

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